Poder x Autoridade: Liderança nas empresas familiares é tema de evento gratuito

Na live de que participou com a Escola F, disponível no nosso canal no YouTube, o psicanalista Christian Dunker chamou a atenção para as diferenças entre poder e autoridade: “A gente adquire autoridade renunciando a exercer o poder. Ou seja, poder e autoridade são quase opostos”, sentenciou o professor, que é um dos coordenadores do Laboratório de Teoria Social, Filosofia e Psicanálise da USP, e um dos principais intelectuais brasileiros da atualidade.

“É habitual as pessoas acharem que poder e autoridade são a mesma coisa, porque há elementos comuns entre eles. Em ambos, estão presentes a questão da hierarquia e da legitimidade. Mas a autoridade também vem acompanhada da competência”, descreve Héctor Lisondo, sócio-fundador do Instituto Lisondo e parceiro da Escola F. Héctor, que além de ter exercido cargos de gestão em diversas empresas, também escreve sobre governança, sucessão e é consultor nesta área, sustenta que a competência do líder é reconhecida a partir da sua capacidade de ler as circunstâncias e tomar decisões corretas. 

Ele defende, ainda, que a capacidade de fazer escolhas racionais em cenários de urgência, ansiedade e incerteza, aprendendo a controlar as próprias emoções, está entre as habilidades que um líder precisa desenvolver para ter a sua autoridade reconhecida. “Há pessoas que têm mais dificuldade em decidir, já que toda decisão implica uma perda. Ao escolher uma alternativa é mandatório abandonar outra. Se a pessoa for muito aferrada ao poder, vai ter medo de errar, porque o erro poderá ferir seu orgulho. Mas, se tiver segurança e autoconfiança, poderá transformar o erro em aprendizado, sendo reconhecida por isso, e conquistando mais autoridade”, ressalta o consultor. Para ele, o gestor não deve renunciar ao poder, mas este deve ser utilizado quando necessário e como consequência do exercício adequado da autoridade. 

Para Cláudio Thebas, que se apresenta como educador, escritor e palhaço, a legitimação do líder vem também de outros atributos, como a autoria e a autorização. “Diante de um líder, o grupo se sente autorizado a contribuir, o que leva à construção de uma autoria coletiva, permitindo que cada um exerça a sua melhor potência”, destaca. Para Thebas, que também atua com o treinamento de grupos em empresas, é neste ponto que a autoridade se distancia do poder. “Não existe “nós” no poder; apenas “eu”. Além disso, o poder não escuta o outro. E um chefe que não ouve gera uma equipe que não fala”.

Saber ouvir, abrir espaço para uma criação coletiva, compor em vez de impor, são atributos desejáveis em alguém capaz de inspirar seus liderados, mas também requer muito mais traquejo emocional. “A construção da autoridade passa pela consciência da vulnerabilidade. É preciso entrar em contato com suas emoções, para saber que sinais estão sendo emitidos”, pontua Thebas. Para o educador, é nesse ponto que um líder cria um vínculo autêntico com sua equipe. “É por causa dessa conexão que um líder não tem medo de exercer o poder, quando necessário, e tomar decisões difíceis, porque ele não vai ter medo de não ser amado”, esclarece Thebas.

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